POR QUE É TÃO DIFÍCIL MUDAR?

Desde a fecundação, instante a instante, iniciamos a construção de nossa estrutura psíquica. Cada experiência vivida se constitui, valendo-me de uma metáfora, como um tijolinho de nosso Eu.

A dificuldade para modificarmos as nossas concepções ou paradigmas surge porque, para tal, é necessário modificar a estrutura psíquica, o que é muito difícil porque provoca sofrimento.

Nos dias de hoje, a criança, já nascendo na era da informática, constrói sua estrutura psíquica com este registro. Em contrapartida, uma pessoa de 70 anos terá que reformular a sua estrutura psíquica para conseguir assimilar tal registro, e há aqueles que não conseguem.

“Como uma analogia, imaginemos um edifício antigo que não possuísse garagem e os moradores resolvessem construir um andar, de forma a conseguirem uma vaga de carro para cada apartamento.

Para tal obra ser realizada, com certeza, a estrutura do prédio teria que ser mexida e, em alguns casos, a única solução seria colocar o edifício abaixo e construir outro. Na relação de custo e benefício, acreditamos que os moradores desistiriam da ideia da vaga de garagem; tal e qual, na relação de custo e benefício psíquico, as pessoas desistiriam da ideia da assimilação de um novo paradigma ou de uma nova concepção, já que teriam de, em alguns casos, colocar a sua estrutura psíquica abaixo, chegando, assim, às margens do enlouquecimento e de grande sofrimento (…) (1).”

Sem falar que uma nova realidade faz com que se perca a referencia. Dependendo da idade da pessoa e do grau da mudança, a nova realidade pode até mesmo levar ao falecimento. Isto é muito fácil de ser observado em pessoas idosas. Se você muda uma pessoa muito idosa de onde ela morou grande parte de sua vida, ela perde a referencia, pois não consegue, devido às reformulações necessárias em sua estrutura psíquica, assimilar psiquicamente a nova situação, podendo mesmo chegar à morte.

Portanto, em grau maior ou menor, a resistência à mudança é uma defesa contra a ameaça de ruptura da estrutura da realidade psíquica.

Referência Bibliográfica:
(1) Breves, Beatriz. O Homem Além do Homem p.55. RJ: Mauad X. 2001

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