JÁ PAROU PARA PENSAR QUE A FORMA COMO VOCÊ ASSIMILA O MUNDO É UMA INVENÇÃO?

Parece tão óbvio conceber o mundo em perspectiva, ou seja, com profundidade, largura e altura na forma quantitativa e proporcional, que pensamos ser assim. “No entanto, a perspectiva, como uma maneira de representar o mundo em que vivemos surgiu no Renascimento; e sendo uma representação do mundo, não significa que tenha sido sempre assim e, ainda, que será sempre assim (1)”.

Até o Renascimento, o que importava era a qualidade das posições. Algo fácil de observar, por exemplo, na representação de um olho em uma pintura egípcia, nas quais, mesmo a pessoa estando de perfil, o olho era representado de frente. E isto porque “se pensarmos que a qualidade espacial de um olho é estar sempre de frente, pois, para vermos, temos que olhar para frente, realmente não faz nenhum sentido o olho ser representado de lado. O mais plausível, dentro de uma concepção qualitativa de espaço, é representa-lo de frente (2)”.

Representando aquela época “podemos encontrar nas pinturas nas quais o valor social do personagem pintado era representado a partir da sua posição social” (3), onde um rei, mesmo que baixo, era sempre representado como o mais alto e “o espaço era visto como composto de regiões qualitativamente distintas (…) do mesmo modo, não se podiam confundir as regiões em cima e embaixo, frente e atrás, direita e esquerda. Na arte, isso se manifestava na estranheza que hoje causa a pintura medieval: tudo é desproporcional e ‘errado’. Mas, como os artistas medievais poderiam estabelecer relações proporcionais que, com qualidades distintas entre si, não possuem um denominador comum que as relacione (4)”.

Portanto, a forma como hoje você assimila o mundo é fruto de uma invenção.

Referências Bibliográficas:
(1) Beatriz BREVES. O Homem Além do Homem. p.15. RJ: Ed. Mauad. 2001
(2) Ibid. p.24.
(3) Ibid.
(4) José Maria VALVERDE et alli, História do Pensamento, vol.2, p.207. SP:Nova Cultura, 1987.

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