LUTO

Produzido em oficina de ficção coordenada por Irene Moutinho.
Tarefa: através de uma história passada em um shopping, descrever uma situação de luto sem falar de forma explicita o sentimento.

Por Airee Tavares

A única coisa que gosto verdadeiramente num shopping são as escadas rolantes. Subir sem qualquer esforço e ainda poder apreciar o entorno. Subir de elevador sempre foi difícil, sou claustrofóbica. Mas hoje é diferente: tanto faz, escada rolante, elevador, nada tem cor ou sabor, somente a obrigação de estar aqui, de cumprir um compromisso, e é somente o dever social que me impulsiona. Encontrar pessoas, cumprimentar, ouvir falar…

Nada acende a chama que se apagou em mim, acho que estou passando por processo de transformação, como se eu estivesse me transformando em um robô, tudo feito automaticamente. Será que eu sei o que estou fazendo? Não sei.

Vou seguindo. Parece que eu não consigo chegar, começo a suar. Acho que está fazendo calor, talvez eu não esteja vestida adequadamente, que importa? Cheguei. Me apresento, falo, escuto, sorrio, volto pra casa. A vida continua? Não sei.

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